Resenha Crítica | 300 (2006)

300, de Zack Snyder

Necessitou de mais intrepidez esta adaptação da famosa série em quadrinho homônima assinada por Frank Miller, uma fusão de confrontos, intrigas e soberania. Há batalhas muito bem coreografadas, elenco inspirado e clímax eletrizante. Mas no meio de tantas virtudes, especialmente no que se refere ao departamento técnico, Snyder oferece somente um filme da forma como o grande público se satisfaz, e não uma obra histórica séria o suficiente para se relacionar com as melhores produções épicas como “Coração Valente” ou “Ben-Hur”.

Miller, com o apoio de Lynn Varley, fez uma ampla pesquisa para criar sua HQ, pegando toda a essência e fatos históricos somados as suas próprias liberdades criativas ao reviver a batalha das Termópilas de 480 a.C. onde trezentos espartanos enfrentam sem temor milhares de soldados persianos. A primeira e pequena tropa é liderado pelo Rei Leônidas (Gerald Butler, sempre confortável em personagens da antiguidade), casado com a Rainha Gorgo (Lena Headey, atriz de “O Retorno do Talentoso Ripley”, “Possessão” e “Os Irmãos Grimm”). Enquanto ele comanda o árduo confronto, ela se esforça para convencer uma Assembleia formada por diversas classes em reunir mais soldados para apoiar Leônidas.

Antes de tudo isso, existiu Dario I, imperador persa que falhou junto a sua tropa em dominar a grande Grécia. Com a sua morte após o fracasso, o trono foi entregue ao seu filho Khchayarcha (no filme, interpretado por nosso conterrâneo Rodrigo Santoro), conhecido por todos como Xerxes. Agora, com o poder em mãos, ele fará de tudo para derrotar os guerreiros espartanos, mesmo que convicto de uma instantânea vitória.

O conteúdo tem complexidade e a metragem não é suficiente para entrar em detalhes ou entregar muitos destaques, pois a abertura que nos desvenda as origens de Leônidas é passageira e as criaturas digitais não são amedrontadoras como se esperava. Mas avaliando o limbo onde as produções épicas estão pelos deslizes de Ridley Scott (“Cruzada”), Oliver Stone (“Alexandre”) e Wolfgang Petersen (“Tróia”), ao menos há a diversão para valer a sessão.

Quando a ação começa para valer, a bravura se manifesta por alguns instantes e os exuberantes cenários, juntos aos efeitos visuais, se transformam nos pontos mais altos do entretenimento disposto. Já basta para um “arrasa – quarteirão” modesto de limitado potencial, ideal para todos os envolvidos alcançarem fama no mercado americano, o que se sucede com Zack Snyder, o nome definitivo para comandar a adaptação de “Watchmen”, um dos quadrinhos mais cultuados já existentes, com início de filmagens programado ainda neste ano, em setembro.

29 Comments

  1. Caros amigos e amigas:Peço desculpas por respondê-los individualmente através dos comentários. O que acontece é os problemas que estou enfrentando com a conexão discada, ou seja, muitas vezes pretendo retornar a todos numa única postagem, mas vem os erros do Internet Explorer e até mesmo a desconexão repentina, fazendo com que eu tenha de redigitar tudo novamente. Obrigado pela presença de todos, e no próximo mês o Cine Resenhas deve sair da rotina com algumas pequenas novidades.

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  2. Alex, “300” é um filme que, visualmente, é excelente. A trama é bem interessante e nos dá margem à várias interpretações. No entanto, acho que o filme é resumido muito bem pelo Otávio: “épico para metaleiros”.

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  3. A veracidade histórica de 300 é quase inexistente prq justamente a intenção de Frank Miller nos quadrinhos é fantasiar um pouco com este confronto histórico,Alex.Gostei de 300,o melhor blockbuster do ano até então.

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  4. Kamila, é bem por este lado que o Otavio afirmou, rs, rs, rs…Também fiquei impressionado com todo o visual da produção, mas nada que um pouco de investimento não possa criar.Excelente semana!

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  5. Saudações, Wanderley.Tudo ok?Nada posso afirmar sobre a HQ de “300”, mas soube através por fanáticos da série que Miller trabalhou com muita dedicação nos fatos históricos, mesmo que algumas saídas foram insertas, como definir os “mocinhos” e os “malvados” do confronto.Já o meu Blockbuster predileto ainda é “Piratas do Caribe – No Fim do Mundo”.Tudo de bom.

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  6. Gostei muito desse filme, mas muito mais pelo visual excitante e o entretenimento explosivo, pena que sua narrativa, mesmo sendo cativante, não pôde ser mais densa e relevante. O roteiro fraco só se salva com o monólogo final maravilhoso de Leônidas. Mesmo assim, vale muito a pena ver…nos cinemas.****

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  7. Wally, concordo muito com você!Efeitos e visual é simplesmente deslumbrante e a sequência da qual fala é de tirar todo o fôlego! Pena que a maioria dos blockbusters não pode oferecer muita coisa na parte da história.

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  8. Alex, para dizer a verdade acho que nem as cenas de batalha empolgaram, pois com todos aqueles ‘slow-motions’ misturados com ‘fast-forwards’ a coisa ficava um bocado truncada. Apesar de todo o aparato visual, a fita é tão sangrenta e árida que não empolga.Tomara que Snyder demonstre um pouco mais de tato (?) com WATCHMEN.Cumps.

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  9. O mais curioso é que quase todos pensaram que o filme iria ser a guerra toda, outras que o filme iria ser batalha do inicio ao fim.Mas nunca questionaram o que foi essa batalha, que na verdade é um pequeno mas importante fato para mudar o rumo de uma guerra.gostei dele, gostei do conjunto dele e principalmente pela atuação de Santoro que me surpreendeu pelo desafio.não minto: é um dos melhores do ano …abraços

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  10. Gustavo², estamos tão acomodados a essas produções milionárias que raramente a sua parte técnica nos impressiona. “300” pode até não render muito neste quesito, mas creio que exige tomadas hipnotizantes. E também creio que Zack Snyder vai decepcionar-mos com “Watchmen”.

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  11. Alex, 300 não me conquistou como Sin City (obra bem superior de Frank Miller). Gostei do apelo estético e tudo mais… No entanto, por andar meio cansado de épicos, achei que o filme não trouxe nenhuma grande contribuição a indústria (em suma, caiu na mesmice do que temos visto constantemente em Hollywood, que teima em não inovar). Mas me agradou a maneira como o nosso Rodrigo Santoro incorporou o seu Xerxes. Não é à toa que até o David Mamet o chamou para o seu próximo filme. Sem contar o tal do Black Oasis, que ele fará com o Stephan Elliot.(http://claque-te.blogspot.com): As Virgens Suicidas, de Sofia Coppola.

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  12. Bom filme!Como quase todos disseram os recursos visuais são impressionantes, pra ficar pra história.Adoro essa última foto que você colocou. Uma cena de aspecto super homossexual e que quase ninguém comenta. Afinal, foi de propósito ou só soou assim?abraços!

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  13. Eu considero “300” um ótimo filme dentro daquilo que propõe, ou seja, diversão sem tanto compromisso. Não chega a ter diálogos mais elaborados como ocorreu em “Sin City”, mas ainda assim tem uma grande produção técnica e momentos bem tensos. Discordo quanto ao Snyder, já que considero “Madrugada dos Mortos” um dos melhores filmes de terror dos últimos anos. Apesar da participação do Santoro não ser tão boa, já vale por estar participando de filmes tão importantes (sempre é bom lembrar que rendeu mais de 200 milhões somente nos EUA).Abraço!

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  14. Um filme que exige disposição para imaginação e consciência do que se está sendo exibido!O filme não tem fim histórico, então isto não pode entrar em crítica…tirando isto, vi um filme cheio de efeitos magnificos e um roteiro até que equilibrado!Gostei!Abraço

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  15. Roberto Queiroz:Creio que uma das coisas mais aproveitáveis de “300” seja mesmo a presença do brasileiro Rodrigo Santoro. Este realmente foi o papel de sua vida. Deve ganhar um excelente futuro nos filmes ianques. Até que existe novidades mas, francamente, está muito longe de um “Sin City – A Cidade do Pecado”.

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  16. Andressa Cangussú: Curiosa a sua observação. Confesso não ter notado nenhuma espécie de ambição em retratar este tema. Na verdade Zack Snyder não deve ter ocultado nenhum debate, pois o mesmo confessou que todos os comentários de referências ao próprio governo americano não passam de equívocos. Até breve!

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  17. Vinícius P. Tudo bom? DETESTO (mas não por completo) “Madrugada dos Mortos”. Os péssimos momentos elaborados para dar cabo ao horror, a exemplo da sequência do parto ou mesmo a busca pelo cachorrinho, é para ocasionar ódio. Mas o público que não gosta do filme é pequeno. Não devo entrar em mais debates a respeito para não ser linchado, rs, rs, rs…

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  18. Wiliam Domingos: Wiliam, também gostei do filme, mas justamente por se limitar em simples entretenimento que a coisa desanda em determinados momentos. Entregando a diversão garantida com mais seriedade no campo narrativo, as coisas provavelmente seriam muito melhores.

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  19. Alex, acho que 300 já foi muito mais longe do que pensaram os produtores, só de despertar discussões a respeito da essência cinematográfica e ser até apontado como marco divisor de águas na cinematografia mundial (!). Eu achei um ótimo filme sábado-a-tarde-no-cinema-com-pipoca, heheheheabração e bom domingo!

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  20. Saudações, Túlio!Que bom ter retornado a este espaço virtual. Pensava que você iria demorar mais algum tempo em nos visitar.Creio que “300” não seja bom o suficiente para ser atração de muitas discussões, especialmente as que você menciona. Fico somente com o “filme sábado-a-tarde-no-cinema-com-pipoca”.Abraço e bom retorno!

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