Alpha Dog, de Nick Cassavetes
Em seus trabalhos mais recentes, Nick Cassavetes (filho de John Cassavetes e Gena Rowlands) soube empregar com profundidade diversos atos que pode ser relacionado ao amor. Os riscos que um pai corre pela vida de seu próprio filho foi encenada em “Um Ato de Coragem”, assim como a afeição de um casal sobrevivendo as barreiras do tempo em “Diário de Uma Paixão”.
Em “Alpha Dog” (título/expressão que significa “macho dominante” – o filhote mais esperto e imitado de uma ninhada de cães), Cassavetes nos assusta ao contar um retrato verdadeiro de uma juventude rebelde movida por acerto de contas, tráfico de drogas e todos os atos atrozes que compõem a violência. Contudo, frustra pelo modo que conduz esse quadro que se afasta em diversos momentos de seu propósito principal, onde atos inconsequentes dos menores podem ser o reflexo da falta de responsabilidade dos maiores ou, melhor, dos próprios pais.
Criando com fidelidade o trágico destino de Nicholas Markowitz, mesmo inserindo perceptíveis rumos ficcionais e a mudança dos nomes dos personagens em ação, é narrado o conflito de Jake Mazursky (Ben Foster, de “X: Men – O Confronto Final”) com o badalado traficante de segunda Johnny Truelove (Emile Hirsch, de “O Clube do Imperador”), já que o primeiro deve uma quantia considerável para o até então amigo. Tudo ferve ainda mais quando Zack (Anton Yelchin, de “Sociedade Feroz”), irmão de Jack, é sequestrado com premeditação. O estado de pânico logo é substituído por eufolia devido as festas ininterruptas regadas a drogas e bebidas que tomam o seu cativeiro. Apesar de não existir um risco aparente para o sequestrado, Truelove não descarta a possibilidade de matá-lo, temendo ser apanhado pela polícia.
Fora das telas, onde tudo correu tragicamente da mesma forma, o então Jesse James Hollywood foi acampado pela Interpol em Saquarema, no Rio de Janeiro em 8 de março de 2005, aguardando julgamento até o momento em presídio localizado na Califórnia. Com um forte material em mãos, Cassaventes não consegue impor impacto. Outro motivo que incomoda são alguns intérpretes inaptos em incorporar os seus personagens: Ben Foster pouco convence como o irmão desequilibrado e Hirsch não iguala o brilho de seus ótimos desempenhos anteriores. Antes de terminar a decepção, entretanto, “Alpha Dog” consegue alcançar um ponto angustiante vindo o destino de Zack e especialmente quando Sharon Stone ganha um espaço suficiente para exibir uma faceta oposta a sua exuberante beleza – o estado tocante de tristeza que consegue representar é o que há de mais crível em todo o filme.