
Uma adaptação é o maior risco pelo qual os realizadores podem passar. Ainda que o cinema contemporâneo sobreviva constantemente em transformar realidade aquilo que um dia criou formas em outras mídias, é prioridade agradar tanto os devotos pelo material original e, ao mesmo tempo, satisfazer a outra parcela do público que não teve acesso ao universo encenado. É uma dificuldade mais expressiva quando trata-se de um game, talvez o único “mundo” que se pode intervir, pois é aquele onde o jogador tem controle de toda a situação, comandando o personagem e suas ações a todo o momento. É por este fato, de não poder controlar o que está sendo visto no cinema, que torna este caso particular de transposição não muito bem-sucedido. “Resident Evil”, o game que surgiu em 1996 pela poderosa PlayStation, é o que garantiu a sobrevivência desta espécie na tela grande, ainda que não tenha sido o primeiro filme ou o primeiro sucesso de bilheterias a abrir possibilidades para outros games terem o mesmo futuro.
“Resident Evil – A Extinção” é o terceiro capítulo de uma série protagonizado por Milla Jovovich, que ganha sangue novo com a entrada de Russell Mulcahy na direção. Milla reprisa por mais uma vez a personagem Alice, que manteve distância dos sobreviventes do filme anterior para que estes não corressem riscos. O motivo é o mesmo: a Umbrella Corporation, que desenvolveu o T-Vírus (experimento que espalhou a contaminação por todo o mundo e que transformou seres humanos e animais em mortos-vivos), procura com o auxílio de uma tecnologia avançada a própria Alice, que neste episódio herda poderes paranormais. O mentor por trás disto é o ambicioso Dr. Isaacs (Iain Glen). Claire Redfield (Ali Larter) e Carlos Olivera (Oded Fehr) lideram o pequeno grupo de sobreviventes em busca de uma cidade que pode estar livre da contaminação.
Passe longe aqueles que detestaram os episódios anteriores. A trama é ambientada seis meses após os acontecimentos de “Resident Evil – Apocalipse” – que, por sinal, merecia aqui ao menos uma página do roteiro para justificar com mais clareza o que teria acontecido com Jill Valentine, personagem de devida importância – e agrega elementos interessantes de “Resident Evil – O Hóspede Maldito” (o início do filme se dá de forma similar ao filme lançado em 2002). Mas aqui tem boas virtudes, especialmente para o público dividido entre os especialistas pelo game e pelos que desejam apenas assistir um bom passatempo. Os autênticos personagens do jogo estão bem caracterizados neste capítulo e a ação é muito bem conduzida por Mulcahy. O restante pode se contentar com o argumento de um mundo pós-apocalíptico e, claro, a presença de Milla Jovovich, talvez a atriz mais experiente em tempos recentes nos filmes de ação que requerem carisma e habilidade nos instantes de adrenalina. É o universo virtual em carne e osso a favor de um entretenimento potente e saboroso de se ver, conseguindo fugir agilmente dos padrões de filmes com zumbis. Uma nova sequência deve estar a caminho.
Título Original: Resident Evil: Extinction
Ano de Produção: 2007
Direção: Russell Mulcahy
Elenco: Milla Jovovich, Oded Fehr, Ali Larter, Iain Glen, Ashanti, Christopher Egan, Spencer Locke, Matthew Marsden e Mike Epps