Resenha Crítica | Pânico 4 (2011)

O lançamento de “Pânico 4” é marcado por expectativas e receios. Afinal, embora a parte principal da equipe da popular franquia que revitalizou os filmes de horror estivesse de volta, nem sempre dar continuidade a uma história é garantia de sucesso, como pudemos ver no esgotamento criativo de outras séries como “Jogos Mortais”. Além do mais, o diretor Wes Craven deu um banho de água fria em todo o público com o fraquíssimo “A Sétima Alma“, filme exibido em nossos cinemas no ano passado. Felizmente, o resultado obtido em “Pânico 4” supera tudo o que já havia visto de melhor na trilogia original, cujo ápice é o primeiro episódio produzido em 1996.

O intervalo de uma década entre “Pânico 3” e “Pânico 4” foi positivo para a criatividade do roteirista Kevin Williamson, Responsável por um texto cheio de perspicácia, Kevin Williamson mostra estar bem sintonizado com as mudanças da juventude de hoje, então batizada como geração 2.0. O quadro atual se destaca pela forma instantânea em que informações são emitidas, como se vê na dependência de aparelhos celulares e em acessos em redes sociais.

Neste cenário, é até possível sentir o deslocamento da nossa mocinha Sidney Prescott (Neve Campbell), que após dez anos retorna à Woodsboro, cidadezinha que serviu de palco para os assassinatos dos filmes anteriores. A sua visita é para a divulgação de seu livro de autoajuda, “Fora da Escuridão: Uma Verdadeira História de Sobrevivência”, onde narra as experiências do passado e como adquiriu forças para se reerguer depois de tantas perdas. Embora o livro seja um testemunho de sua superação, poucos provavelmente o leram. Como sugere a assessora de Sidney, Rebecca Walters (Alison Brie), o que importa é o quanto ela pode se tornar famosa sob o vulgo de “Anjo da Morte”, mesmo que Rebecca não tenha folheado “Fora da Escuridão”.

Não podemos nos esquecer dos veteranos e calouros presentes em “Pânico 4”. Gale Weathers (Courteney Cox) e Dewey Riley (David Arquette) estão de volta. Ambos desfrutam um bom relacionamento, mas eles mudaram pouco. Gale continua em busca de um furo escandaloso para conseguir escrever um novo livro no qual não sai do primeiro capítulo. Já Dewey subiu para o cargo de xerife, mas continua o mesmo banana de sempre – e como tem um péssimo alvo na hora de atirar! Emma Roberts finalmente mostra a que veio abandonando a marca “sobrinha de Julia Roberts” que tanto a persegue na pele de Jill, uma versão adolescente de Sidney. Seus amigos são Kirby (Hayden Panettiere, que rouba várias cenas), Olivia (Marielle Jaffe) e os cinéfilos Charlie (Rory Culkin) e Robbie (Erik Knudsen). Jill também tem uma relação mal resolvida com Trevor (Nico Tortorella), por sua vez, uma versão similar de Billy, o namorado de Sidney feito por Skeet Ulrich no primeiro filme da série.

A brincadeira de descobrir quem está por trás da máscara de Ghostface é retomada em “Pânico 4”. A graça é que, pela primeira vez, isto não é a única coisa que importa ou que dá ritmo a trama, de longe a mais eletrizante de todas. A tensão é insuportável, especialmente que com a nova década, novas regras são elaboradas. Ou seja: em “Pânico 4” tudo pode acontecer, especialmente com Sidney – e o desespero para que nada aconteça com esses personagens que nos são tão queridos? Mesmo assim, é possível encará-lo como comédia. Não faltam alfinetadas as refilmagens e sequências que tanto colaboram para o marasmo que o gênero tanto ameaça cair. A norma é clara. “The first rule of sequels: don’t fuck with the original!”.

Título Original: Scream 4
Ano de Produção: 2011
Direção: Wes Craven
Roteiro: Kevin Williamson
Elenco: Neve Campbell, Courteney Cox, David Arquette, Emma Roberts, Hayden Panettiere, Marielle Jaffe, Marley Shelton, Rory Culkin, Erik Knudsen, Alison Brie, Adam Brody, Anthony Anderson, Nico Tortorella, Lucy Hale, Shenae Grimes, Dane Farwell, Anna Paquin, Kristen Bell, Aimee Teegarden, Brittany Robertson, Mary McDonnell, Heather Graham e voz de Roger Jackson
Cotação: [5star.jpg]

17 Comments

  1. Acho que o grande problema desse Pânico 4 é essa confusão que se faz entre o suspense e a comédia, não me parece haver um bom equilíbrio no filme. Além disso, por mais que traga elementos novos, o filme ainda tem aquele tom de coisa requentada, repetida, apesar dos esforços. E o Craven já foi muito melhor com o suspense.

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    1. Rafael, já eu achei que o equilíbrio entre humor e horror foi perfeito. E quando você aponta que o filme é “requentado”, bem, acho que seria impossível essa sequência existir sem resgatar elementos já presentes na trilogia original. Foi para mim uma coisa bem positiva. Considero a obra-prima de Wes Craven.

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  2. Gostei muito desse filme. Eu já esperava pouco, mas sabia que as chances de sair algo bom eram grandes já que o elenco, diretor e roteirista estão de volta. Fiquei impressionado com a originalidade de algumas cenas e diálogos (como a incrível cena inicial!) e pela primeira vez (depois do 1º filme) a justificativa me convenceu de verdade! Mas como você disse, descobrir quem é o assassino está longe de ser o foco do filme. Gostei tb de como esse filme abusa da violência, afinal de contas ‘Pânico’ é um filme de terror, e os outros 3 filmes parecem ter economizado no uso de sangue. Olha lá no meu blog pra ler a crítica q fiz.

    http://filme-do-dia.blogspot.com/

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    1. Kahlil, o meu único receio com o filme foi o fato do Wes Craven ter dirigido anteriormente “A Sétima Alma”, um filme bem vergonhoso. E você tem razão quanto a violência dessa sequência, pois os litros foram diminuindo conforme o filme original foi ganhando sequência. A morte da Olivia é bem forte.

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  3. Não querendo parecer do contra, mas achei um filminho muito fraco. Esse tipo de filme não cola mais. Devia ter estrado há uns 5 anos atrás. E a tia Neve não aprendeu a atuar ! Só o prólogo e nada mais **

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  4. […] Comparando “Crepúsculo” com “A Garota da Capa Vermelha”, dá até para apontar uma considerável melhora técnica. “A Garota da Capa Vermelha” apresenta um clima tenso pelo cenário bem explorado e há até efeitos visuais bem resolvidos. Por outro lado, os constantes planos aéreos nos fazem ter saudades da boa utilização de câmera na mão da Catherine Hardwicke de “Aos Treze” e tanto as referências a “Chapeuzinho Vermelho” quanto às sugestões impostas pelos Irmãos Grimm na versão mais famosa do conto são jogadas na tela de maneira desconexa. Ou seja: é melhor a diretora voltar às suas raízes, pois seu olhar sobre a juventude em ambientes fantásticos já se esgotou em apenas duas investidas. E nem adianta criar mistério com o velho “quem é o assassino?”. Para isto, já temos o fantástico “Pânico 4“. […]

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