Resenha Crítica | Spring Breakers – Garotas Perigosas (2012)

Spring Breakers - Garotas Perigosas | Spring Breakers

Como roteirista, Harmony Korine é coautor de duas histórias sem glamorização da adolescência: “Kids” e “Ken Park”. Em “Kids“, um título quase obrigatório para qualquer estudante que ingressa o ensino médio, acompanhou jovens cercados por sexo e drogas em plenos anos 1990. Já em “Ken Park”, cercou os seus personagens desses mesmos elementos em um cenário sem perspectiva diante do Governo Bush.

O tempo passa e as gerações se transformam ao ponto de se diferenciarem umas das outras. Diante disso, é natural que em seu novo filme, “Spring Breakers – Garotas Perigosas”, haja elementos que o distancie de “Kids” e “Ken Park”, mesmo que a sua intenção permaneça a mesma: analisar a juventude de acordo com a sociedade em que está inserida.

Agora assumindo a direção de seu próprio roteiro, Harmony Korine criou uma polêmica que assegurou o sucesso de “Spring Breakers – Garotas Perigosas”. Maiores expoentes das histórias açucaradas da Disney, Selena Gomez e Vanessa Hudgens fogem das tolices das histórias de Cinderela caretas para provarem que são boas atrizes. Portanto, esqueçam dos encantos de “Os Feiticeiros de Waverly Place” ou da cantoria de “High School Musical”, pois o universo de “Spring Breakers – Garotas Perigosas” é aquele em que garotas se divertem seminuas através de roubos, consumo de bebidas alcoólicas e drogas, orgias e assassinatos.

O spring break é a famosa “semana do saco cheio” e acontece durante o início da primavera nos Estados Unidos. Liberados das escolas por um curto prazo de tempo, os alunos se reúnem em áreas ensolaradas e se deixam levar por tudo aquilo que é considerado imoral. Cansadas das rotinas de estudos, o quarteto de amigas formado por Faith (Selena Gomez), Candy (Vanessa Hudgens), Brit (Ashley Benson) e Cotty (Rachel Korine, esposa do diretor) decidem tomar medidas extremas para saírem de férias.

Sem dinheiro o suficiente para ficar uma semana fora, as meninas roubam um restaurante usando máscaras e portando armas de brinquedo e uma marreta. Na sequência, rumam para locais em que se reunirão com outros jovens. Sem transmitirem muitos detalhes para os seus responsáveis, Faith, Candy, Brit e Cotty fazem tudo aquilo que não lhe eram permitidos até chegarem ao ponto de serem presas. Com fianças pagas por um gângster conhecido como Alien (James Franco, surpreendente), elas passam a experimentar o processo de amadurecimento que almejavam com o spring break. Como o esperado, as experiências mostram impactos distintos para cada uma delas, uma vez que nem todas estão dispostas a embarcar no nível de perigo que se mostrará a partir do instante em que assumem os papéis de parceiras de Alien, constantemente ameaçado por um rival (Gucci Mane).

Harmony Korine prossegue com seus experimentalismos em “Spring Breakers – Garotas Perigosas”. Brinca a todo o instante no processo de montagem da história, eleva as tonalidades das cores (algumas atingindo um atraente efeito fosforescente), reprisa testemunhos narrados em off e granula algumas imagens. Tudo isso é adequado para a sua proposta, que proporciona um rito de passagem quase singular. Afinal, o preparo para o amadurecimento das personagens só acontece quando elas testarem os seus próprios limites em situações de risco.

Spring Breakers, 2012 | Dirigido por Harmony Korine | Roteiro de Harmony Korine| Elenco: James Franco, Selena Gomez, Vanessa Hudgens, Ashley Benson, Rachel Korine, Gucci Mane, Heather Morris, Ash Lendzion, Emma Holzer, Lee Irby, Jeff Jarrett, Russell Curry, Josh Randall e Travis Duncan | Distribuidora: Universal

10 Comments

  1. Cara, experimentalismo de Korine é Trash Humpers ou Julien Donkey Boy. Não por acaso os que me chamam atenção pela coragem. Sobre Spring Breakers, na minha humilde opinião o filme deixa de ser híbrido muito rápido. Ou é estética ou crítica. Raros são os momentos onde há o encontro.

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    1. Pedro, também visualizo um cinema experimental em “Spring Breakers”. Em “Trash Humpers” e “Julien Donkey-Boy” creio que haja um desapego pela imagem, algo natural pelas propostas. Não vejo em “Spring Breakers” uma tentativa de fazer crítica. Aliás, aguardava uma decepção justamente por imaginar que Korine fizesse pouco das adolescentes que retrata. Vejo aqui uma viagem de personagens em busca da própria identidade, sem julgamentos ou falsos moralismos.

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  2. Gostei do fato de Harmony Korine ter escolhido dois ícones da nova geração, duas personalidades nas quais as jovens de hoje se inspiram (Selena Gomez e Vanessa Hudgens) como as protagonistas desse filme. Isso é muito interessante e, com certeza, o fator que mais me influenciaria a ver esse filme.

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