Please Stand By, de Ben Lewin
Portador de poliomielite desde a sua infância, o cineasta nascido na Polônia Ben Lewin pôde com o seu “As Sessões” mostrar uma figura real em um estágio muito mais agravante de sua condição, o jornalista e poeta Mark O’Brien. Sem autopiedade e com até mesmo certa dose de humor, fez um drama inclusivo especial principalmente pelo modo como desconstruiu valores ainda sustentados sobre indivíduos com deficiência e até mesmo sobre sexo.
É de modo natural com o qual se envolve em “Tudo Que Quero”, desta vez dando protagonismo a uma personagem com autismo. Interpretada pela sempre excelente Dakota Fanning, Wendy tem 21 anos e passou a viver em um lar especial assim que a sua mãe faleceu. A sua estratégia é mudar a mentalidade de sua irmã Audrey (Alice Eve), que, por sua vez, se vê despreparada para inseri-la em sua casa e na família que está construindo.
Para mostrar que o autismo não a impede de ser uma pessoa capaz de caminhar com as próprias pernas, Wendy aproveita o seu fanatismo por “Star Trek” para se inscrever em um concurso da Paramount Pictures, que está recebendo roteiros escritos por fãs para dar continuidade à franquia. Com um texto com quase 500 páginas concluído, ela parte para Los Angeles com apenas alguns dólares no bolso, um bloco de notas e o seu cãozinho de estimação.
A melhor escolha de Ben Lewin, ancorado pelo roteiro de Michael Golamco, está em conferir um tom afável a uma história densa. Por um lado, “Tudo Que Quero” jamais se furta de mostrar a realidade de um autista, como a maneira particular que se socializa e organiza a sua rotina com um rigor incomum. Por outro, o curso da breve aventura que Wendy desbrava tem desdobramentos quase fantasiosos, inclusive com a música do brasileiro Heitor Pereira exercendo grande influência para efetivar essa intenção, que resulta em um filme agradável para todos os públicos.