Dúvida

Dúvida“Doubt: A Parable” foi uma peça dirigida por Doug Hughes que teve a sua primeira apresentação em novembro de 2004. Os personagens centrais, interpretados por Brian F. O’Byrne (“Possuídos“), Cherry Jones (“A Vila”), Heather Goldenhersh (“O Mercador de Veneza”) e Adriane Lenox (“Um Beijo Roubado”), são criações do roteirista John Patrick Shanley, que no cinema venceu o Oscar pelo roteiro original de “Feitiço da Lua” e se responsabilizou pela primeira das três parcerias nas telas entre os astros Tom Hanks e Meg Ryan, que se deu na comédia “Joe Contra o Vulcão”. E, ao julgar pelo curriculum de Patrick Shanley, a peça “Doubt: A Parable” é o seu grande feito, vendo que de vários trabalhos cinematográficos insípidos a adaptação de “Congo” (uma aventura protagonizada por Laura Linney nos tempos onde ainda não era reconhecida pela crítica e público) vem como o mais lembrado.

Mas uma reviravolta, ainda que tardia para um homem de cinquenta e oito anos, acaba de acontecer. Se em “Doubt: A Parable” lhe foi conferido o prêmio Pulitzer, a adaptação desta peça para o cinema onde agora também dirige obtêm um resultado de tirar o fôlego pelo poder dos desempenhos principais e como estes correspondem ao vigor de sua narrativa. O maior reconhecimento fora concebido no Oscar na sua última edição, dando-lhe nada menos que cinco indicações nas categorias de melhor atriz (Meryl Streep), atrizes coadjuvantes (Amy Adams e Viola Davis), ator coadjuvante (Philip Seymour Hoffman) e o roteiro adaptado assinado por Patrick Shanley. É uma pena que tenha sido um longa destinado a tapar buraco, vendo que saiu da noite do dia 22 de Fevereiro de mãos abanando.

Meryl Streep, que agarra aqui o seu papel com uma firmeza como há muito não se via, é a Irmã Aloysius Beauvier. No ano de 1964 essa mulher comprou uma briga intensa com o Padre Brendan Flynn (Philip Seymour Hoffman) dentro da escola religiosa localizado no Bronx onde atua como diretora por anos. A causa está relacionada a um depoimento da Irmã James (Amy Adams), que levanta suspeitas de que o Padre Flynn tem mantido uma secreta relação com Donald Miller (Joseph Foster), o então único aluno negro daquele lugar  e que tem somente doze anos. Não é certeza, mas a Irmã Aloysius está convicta de que o Padre Flynn está protagonizando este escândalo.

Dentro de tantas qualidades, muito tem sido criticado na direção de John Patrick Shanley. Mas o cineasta sabe que com o forte roteiro que criou qualquer pretensão de elaborar malabarismos com a câmera ou coisa do gênero seria totalmente irrelevante. O seu trabalho consiste na total dedicação na direção de atores e na inteligência ao qual faz com que cada um deles processem o seu texto. Um dos vários exemplos que podem representar este feito é a sequência única protagonizada por Viola Davis, que interpreta a mãe de Donald. Vale também ficar muito atento a cada um dos diálogos, todos muito bem escritos. Eles fazem com que tenhamos múltiplas interpretações do que está sendo encenado, especialmente no que se diz respeito ao passado da Irmã Aloysius (é possível deduzir que a sua ira contra o Padre Flynn está relacionado tanto as novas propostas religiosas que ele trás quanto a confissão de um pecado que cometeu há anos atrás). Mas não esperem por soluções fáceis. Com força no título, as dúvidas permeiam após os créditos finais. E é exatamente por isto que o drama se torna algo único, incômodo e arrebatador.

Título Original: Doubt
Ano de Produção: 2008
Direção: John Patrick Shanley
Elenco: Meryl Streep, Philip Seymour Hoffman, Amy Adams, Viola Davis e Joseph Foster.
Cotação: 4 Stars

27 Comments

  1. Finalmente você se curva diante de um filme com tanto ardor. “Dúvida” é tudo isso mesmo, um dos melhores filmes do ano, cheio de personalidade e categoria. Uma ótima atuação de todo o elenco, forte roteiro (cheio de metáforas e parábolas), direção firm e segura, e principalmente um final inconcluso e epetacular!
    Nota: 9,0
    Abraços!

    Curtir

    Responder

  2. Adaptação com sucesso da afamada peça de teatro de John Patrick Shanley, Doubt é uma película sedutora e assombrosa devido ao seu carácter subtil e simultaneamente provocatório. Emocionalmente e intelectualmente exaustivo, apresenta-se como um drama puro onde as interpretações fabulosas do elenco têm um papel decisivo no desenvolvimento do enredo, ao estimular o espectador a reflectir sobre as suas mais profundas certezas e incertezas. O confronto interpretativo entre os “monstros” Meryl Streep e Philip Seymour Hoffman merece, só por si, infinitos visionamentos.

    Também dou 9,5/10!

    Curtir

    Responder

  3. Também só tenho a elogiar esse filme e gritar bem alto que Meryl Streep é a melhor atriz de todos os tempos. Todos os atores estão bem a vontade e brilham cada um seus papéis. Gostei muito desse filme.

    Curtir

    Responder

  4. Pedro, para mim a direção do John Patrick Shanley é perfeita.

    Kamila, em breve o filme deve ser lançado no DVD. Ele também não havia sido exibido nos cinemas do meu município.

    Matheus, bota injustiçado nisto!

    Weiner, não há nada a acrescentar. Você definiu todo o filme! Abraços!

    Cleber, exatamente.

    Filipe, que bom saber que compartilhamos uma mesma impressão sobre o filme, além de uma mesma cotação.

    Marcelo, tem muita coisa com Meryl Streep que ainda não assisti, mas acho que nunca a vi tão bem como neste filme.

    Curtir

    Responder

  5. Você gostou muito mais do filme do que eu, Alex. Fui ver cheio de expectativas, na época que ainda se especulava muito a possibilidade de Meryl levar o terceiro Oscar por essa interpretação. Me decepcionei primeiro porque considero esta como uma das suas raras aparições exageradas e descontroladas, e acho que o roteiro, por retratar a Sister só como uma megera que quer controlar a tudo e a todos sem cabresto, não cria um dilema tão envolvente em relação à culpa do Padre. A direção é displicente e o filme, para mim, é das coadjuvantes, da encantadora Amy à arrasadora Viola. Abraço!

    Curtir

    Responder

  6. Fala garoto! Alex, vi esse filme já faz um tempo e também levei dele boas impressões. Minha única bronca com ele é meio subjetiva. Apesar das atuações mediúnicas, cada vez que a Meryl Streep ou o P.S.Hoffman entravam em cena, eu enxergava eles e não os seus personagens. E isso me fez diminuir o impacto do filme. Em compensação, gostei do ritmo, das alegorias e da ambiguidade do desfecho. abs.

    Curtir

    Responder

  7. eh brincadeira neh, pois bem, duvida eh um bom filme?? sim eh, mas eh pra tudo issu ??? naum naum eh, filme OK atuações idem e soh, o livro eh taum igual quanto o filme, e nem por issu deixamos de dar lugar a cavaleiro das trevas, to na bronca com todos os q estaum concorrendo ao oscar. abraço e nem por issu beirando ao 7.

    Curtir

    Responder

  8. Esse filme parece um livro de machado de assis transportado para as telas, pelo menos em se tratando da dúvida, jah que tudo é sugerido e nada confirmado.

    Achei um filme fantástico, muitos meritos ao philip seymour hoffman e a meryl streep, que fazem um duelo sinistro.

    pra fim foi um dos melhores de 2008.

    Abraços

    Curtir

    Responder

  9. Louis, para mim aquele Oscar era para ser da Merly Streep, mas a Academia é bem dessas de premiar aparências e acabou dando para a Winslet (ela é nova, tinha mais chances pela frente). Eu gosto muito das coadjuvantes (acho que a Amy Adams interpreta aquela personagem que mais nos identificamos) mas para mim o maior trunfo do filme, em termos de interpretação é mesmo Meryl Streep. Abraço!

    Charles, estranho você ter essa impressão, pois eu achei exatamente o contrário. Como mencionei com o Marcelo, eu nunca a vi agarrar um papel com tanta determinação como aqui. E o desfecho, tão apedrejado, eu acho fantástico! Abraços!

    Paulinho, “O Cavaleiro das Trevas” não dá, né? Se o filme chegasse aos dedos dos pés de “Dúvida” eu até daria algum crédito… Abraço!

    Shaun, tenho o costume de levar em consideração somente o lançamento nacional de um longa. Assim, considero “Dúvida” o melhor filme do ano até o momento. Abraços!

    Ciro, o engraçado é que muitos dos filmes que gosto são chamados de teatro na tela. Pelo visto então eu adoro filmes com espírito puro de teatro filmado, rs. Abraços!

    Dudu, dos que você mencionou eu só vi “O Leitor”, ao qual gostei muito. Mas eu não me espanto com a sua afirmação, pois “Dúvida” provavelmente deixa a concorrência na Havaiana! Abraços!

    Curtir

    Responder

  10. Um filme que tem diálogos extensos, além do necessário. Com ótimas atuações e uma técnica imprecável. Fotografia, figurinos, sequências e produção são benéficos. O desfecho da história é medíocre.

    NOTA (0 a 5): 3
    ***

    Curtir

    Responder

  11. Olá, Alex! Tudo bem?

    Seu texto expressou tudo o que a trama tem. E concordo com você. È um filme que me deixou atenta e também mostrou uma lição que todos nós temos dúvidas, seja qual for. E o elenco envolvido conseguiu captar muito bem.

    Beijos! 😉

    Curtir

    Responder

  12. Anderson, desfecho medíocre? Nada disso!

    Mayara, é verdade. Confesso que nunca vi um filme que narrasse com tanta intensidade sobre a questão da dúvida, seja lá onde ela possa ser aplicada. Beijos!

    Curtir

    Responder

  13. Tbm gostei desse, mas ñ tanto como vc!
    Meryl Streep sem dúvida arrasa, sempre digo q ela ñ atua, e sim, dá show em cena, uma atriz brilhante e muito talentosa, gosto muito dela de longa data, o restante do elenco tbm está ótimo!
    Filme q rende aquele momento de reflexão quando termina, e o lance da dúvida no roteiro é genial!
    Nota 7.5! Abs! Diego!

    Curtir

    Responder

  14. Diego, acho que o que mais pode me chamar a atenção em um filme, especialmente se tratando de um drama, é o seu roteiro e fazia tempo que eu não via um filme que contava com um tão fenomenal. Abraços!

    Curtir

    Responder

  15. Antes tarde do que mais tarde, i’m here. hehe Foi o único filme que vi dos últimos resenhados. POr favor, poderia escrever sobre longas que já assisti? Obrigado. Passar bem.

    Então, sobre Dúvida, concordo plenamente com o texto. Acho que o Shanley nada mais faz do que amarrar e conduzir tudo muito bem, mostrando a força de cada personagem para o espectador ficar encucado quando o filme terminar. Atuações fodas demais! Não há um menos que excelente no elenco. E já falei que não gosto da última frase né? Mas deixa isso pra lá… hehe

    []s!

    Curtir

    Responder

  16. Jeff, eu até posso fazer essa gentileza. Mas o problema é que você só vê filme ruim e aqueles que parecem bons estão aqui pegando poeira no meu HD. E eu me recordo muito bem a sua frustração diante do desfecho (você até fez uma postagem sobre esse caso e de mais outros quatro dos quais o desfecho o deixou bem incomodado). Eu considero “Dúvida” um longa irretocável e os diálogos finais não deveriam de forma alguma sofrer alguma alteração. Abraços!

    Curtir

    Responder

Deixar mensagem para Mayara Bastos Cancelar resposta