Resenha Crítica | Lágrimas de Felicidade (2009)

Aparentemente, um projeto como “Lágrimas de Felicidade” teria tudo para dar certo. Afinal, trata-se de um longa-metragem independente que flerta com a comédia e com o drama simultaneamente e que traz duas protagonistas, Parker Posey e Demi Moore, que se envolvem mais em filmes artísticos do que aqueles com pretensões financeiras. Também é o segundo drama realizado por Mitchell Lichtenstein, lembrado pelo seu papel de grande destaque em “Banquete de Casamento” (filme dirigido por Ang Lee em 1993 indicado ao Oscar de melhor filme estrangeiro). Mesmo assim, o diretor responsável pelo cult “Teeth” não se saiu bem desta vez.

Com algumas referências ao Pop Art (o seu falecido pai, Roy Lichtenstein, talvez seja o artista mais reconhecido deste universo particular), “Happy Tears” relata o reencontro das irmãs Jayne (Parker Posey) e Laura (Demi Moore). Laura largou temporariamente o marido massagista (e supostamente gay) e os filhos para cuidar do inválido pai encarnado por Rip Torn, Joe. Ela pede a ajuda de Jayne, já acostumada com uma vida cheia de caprichos. Elas só não esperavam pela presença de Shelly (Ellen Barkin, em interpretação fora do tom), mulher que se passa por enfermeira domiciliar e que mantém um romance às escondidas com Joe.

Em aproximadamente noventa minutos, “Lágrimas de Felicidade” apresenta ao menos algumas situações que quando conectadas apresentam muitos valores. A primeira é ver esta família incompleta brindando à mesa sem qualquer harmonia. Esta situação é repetida de maneira diferente no desfecho, com uma ação precedente que envolve a busca por um tesouro escondido no quintal da velha casa de Joe. Aliás, as melhores cenas do filme são aquelas onde Jayne e Laura cavam nesta busca por um baú com moedas de ouro deixadas pela mãe já falecida. É uma pena que todo o restante seja tão claudicante, pois “Lágrimas de Felicidade” tinha potencial para ser uma bela dramédia sobre família disfuncional.

Título Original: Happy Tears
Ano de Produção: 2009
Direção: Mitchell Lichtenstein
Roteiro: Mitchell Lichtenstein
Elenco: Parker Posey, Demi Moore, Rip Torn, Ellen Barkin, Christian Camargo, Billy Magnussen, Roger Rees, Sebastian Roché e Celia Weston

Uma Noite Fora de Série

Uma Noite Fora de Série | Date NightA expectativa em ver Steve Carell e Tina Fey dividindo a tela como protagonistas era muito alta. Afinal, ambos são grandes comediantes. Enquanto Carell tem construído uma carreira no cinema cada vez mais bem-sucedida desde que roubou a cena com “Todo Poderoso”, Tina Fey desempenhou um trabalho impecável na tevê participando do “Saturday Night Live” e no seriado “30 Rock”. Mas a dupla não poderia selecionar um roteiro pior do que o de “Uma Noite Fora de Série” para marcar esta esperada reunião de talentos.

A ideia inicial não é ruim. O casal Foster (Steve Carell e Tina Fey) tem uma rotina tão banal que mal há espaço para o amor que desfrutavam antes do casamento e de construir família. Quando saem, vão para restaurantes modestos e ficam entretidos quando passam a “dublar” o que aparentemente os casais das mesas vizinhas estão dialogando. Quando decidem variar se passam pelo casal Tripplehorn para pegar a reserva em um restaurante bem disputado em Manhattan. O problema é que os Tripplehorn têm um pen drive com arquivos cabeludos envolvendo o político (Frank Crenshaw) e o mafioso Joe Miletto (Ray Liotta) e correm risco de vida, complicando para os Foster se livrar do engano que causaram.

Com um desenvolvimento que passa a depender de várias participações especiais, como a dos intérpretes Mark Wahlberg, James Franco e Mila Kunis, “Uma Noite Fora de Série” não somente faz mal uso deles como é prejudicado pelas presenças pálidas de Steve Carell e Tina Fey, surpreendentemente. Os comediantes não têm uma química singular, protagonizam piadinhas manjadas dentro do gênero (será que o roteirista Josh Klausner não compreende que a cena dos personagens batendo de cara em uma porta de vidro não produz o menor riso?) e ainda caem no ridículo quando investem no humor físico, como a patética cena no pole dance. Vida de casado por vida de casado, Shawn Levy se saiu muito melhor em “Recém-Casados”, fita divertidinha com Ashton Kutcher e a falecida Brittany Murphy produzida em 2003.

Título Original: Date Night
Ano de Produção: 2010
Direção: Shawn Levy
Elenco: Steve Carell, Tina Fey, Mark Wahlberg, Taraji P. Henson, Jimmi Simpson, Common, William Fichtner, Leighton Meester, Kristen Wiig, James Franco, Mila Kunis, Bill Burr, Jonathan Morgan Heit, Savannah Paige Rae, Ray Liotta e Mark Ruffalo
Cotação: 1 Star

Contatos de 4º Grau

Contatos de 4º Grau | The Fourth KindNo início deste ano tive a oportunidade de ingressar uma oficina de vídeoarte que acontece de semestre em semestre no município onde moro. Para quem já teve a oportunidade de conferir alguns trabalhos e discuti-los em uma mesa redonda sabe que pouco importa uma avaliação sobre aquilo que acabou de ser contemplado. Uma vídeoarte não se resume a uma experiência boa ou ruim, mas na reflexão que ela gerará para qualquer um. Diria que foi o mesmo efeito que me provocou “Contatos de 4º Grau”, um longa-metragem, que fique bem claro. Em sua segunda realização, Olatunde Osunsanmi (cujo primeiro filme, o péssimo “A Caverna do Medo”, está disponível em DVD no Brasil) aproveita também para quebrar regras. Assim como a vídeoarte permite.

“Contatos de 4º Grau” faz uso de muitos artifícios audaciosos. Em muitos instantes a tela é repartida em duas. No lado direito, imagens supostamente reais; do esquerdo, a sua respectiva encenação. Há ainda trucagens no áudio e outras mais de montagens que conferem veracidade aos depoimentos da doutora Abbey Tyler. No início da década passada ela prestou depoimentos para o próprio diretor Olatunde Osunsanmi, onde diz que foi abduzida por alienígenas, o contato de quarto grau, e que eles levaram a sua filha cega sem jamais devolvê-la. Além de incorporar Abbey Tyler, Milla Jovovich se apresenta no início do filme para revelar ao público as informações que serão compartilhadas.

A intenção de Olatunde Osunsanmi é fazer o espectador se questionar sobre a existência de outra vida além da nossa e ele convence tão bem com suas imagens de arquivo até então confidenciais que é impossível não “googlear” algo a respeito. Crente das possibilidades existentes dentro do gênero, “Contatos de 4º Grau” consegue ir muito além de registros como “A Bruxa de Blair” e “Atividade Paranormal” ao por todas elas em prática. Se há falhas na encenação ou ainda de que acabamos de cair em uma farsa não há importância. O que deve ser considerado é que as narrativas, geralmente as sobrenaturais, jamais encontram limites para deixar de manipular a plateia e, consequentemente, deixá-la incômoda após a sessão.

Título Original: The Fourth Kind
Ano de Produção: 2009
Direção: Olatunde Osunsanmi
Elenco: Milla Jovovich, Will Patton, Elias Koteas, Charlotte Milchard, Hakeem Kae-Kazim, Mia McKenna-Bruce, Raphaël Coleman, Daphne Alexander, Alisha Seaton, Enzo Cilenti, Corey Johnson e Olatunde Osunsanmi
Cotação: 4 Stars

Chéri

ChériO romance de época “Chéri” reúne por mais uma vez um trio de peso que fez história em “Ligações Perigosas”: o diretor Stephen Frears, a atriz Michelle Pfeiffer e o roteirista Christopher Hampton que vencera o Oscar de melhor roteiro adaptado na produção de 1988. Os estrondos de “Chéri” jamais se igualam àqueles provocados por “Ligações Perigosas” e mesmo assim é um título muito bom e até mesmo injustiçado, vendo que passou batido por muitas premiações de cinema – ao menos figurinos e direção de arte e cenários se sobressaem.

“Chéri” é uma adaptação do romance da francesa Colette e agora soma seis adaptações, quatro para cinema e dois para tevê. O jovem personagem título é vivido por Rupert Friend. Filho da Madame Peloux (Kathy Bates), Chéri chama a atenção de Lea de Lonval (Michelle Pfeiffer), amiga de sua mãe e ex-cortesã. O tórrido romance é mantido em segredo e não é capaz de anular o plano feito para o protagonista, que deverá se casar com uma garota de família rica. O problema é que nenhum dos dois esperavam que jamais viveriam um romance tão forte com novos amantes.

Não há acontecimentos tão arrebatadores e o próprio diretor Stephen Frears empresta a sua voz em uma narração que se encarrega de reforçar os tumultuados sentimentos deste casal não muito bem resolvido, especialmente pela grande diferença de idade. Frears também trata de narrar um final trágico não encenado, mas perfeito. Emulando o antológico close final na face de Glenn Close em “Ligações Perigosas”, aqui já não foi possível esconder as plásticas de uma beleza até então irretocável de Michelle Pfeiffer. Ao menos elas ganham uma tradução positiva na tela, pois nem a beleza que Lea de Lonval tanto luta em preservar quanto a sua paixão por Chéri seria eterno.

Título Original: Chéri
Ano de Produção: 2009
Direção: Stephen Frears
Elenco: Michelle Pfeiffer, Rupert Friend, Kathy Bates, Felicity Jones, Frances Tomelty, Hubert Tellegen, Joe Sheridan, Toby Kebbell, Iben Hjejle e narração de Stephen Frears
Cotação: 3 Stars

Partir

PartirA inglesa Kristin Scott Thomas pegou todos de surpresa com sua interpretação devastadora no drama “Há Tanto Tempo que Te Amo“. O diferencial do seu papel, a ex-presidiária Juliette Fontaine, era o seu idioma, um francês invejável por parte da atriz. Em “Partir” Kristin Scott Thomas novamente se saí muito bem encarando uma personagem francesa que tem bom domínio do inglês, como visto em determinada situação neste romance dramático. Já o filme…

Suzanne (Kristin Scott Thomas) é uma mulher cuja família, composta pelo marido e um casal de filhos, é rica. Talvez cansada de ser uma mera dona de casa ou querendo de alguma maneira ser independente Suzanne volta a exercitar suas habilidades como fisioterapeuta ao pedir para Samuel (Yvan Attal), seu esposo, a obra em sua própria residência de um consultório onde possa atender seus clientes. Aparecendo os pedreiros, ela se atenta pela presença de Ivan (o espanhol Sergi López). Uma séria circunstância faz com que Suzanne tenha um caso com ele. Só que ao invés de ocultar a infidelidade com Samuel acaba é abrindo o jogo sobre o que está acontecendo. E isto, de uma só vez, traz consequências graves, como bem antecipa a ótima sequência que abre “Partir”.

Tendo feito filmes cômicos e dramáticos não conhecidos pelo público brasileiro, a cineasta Catherine Corsini tenta modificar os típicos retratos cinematográficos de casos extraconjugais. Para isto, nos obriga a ter simpatia por Suzanne que, salva-se a entrega de Kristin Scott Thomas, é uma personagem que vai se revelando desprezível assim que passa a não medir esforços para preservar sua relação com Ivan, como recorrer ao seu ainda marido para que lhe dê o dinheiro que julga merecer depois de tanto tempo cuidando de casa e família. É difícil ter alguma empatia com toda a situação.

Título Original: Partir
Ano de Produção: 2009
Direção: Catherine Corsini
Elenco: Kristin Scott Thomas, Sergi López, Yvan Attal, Bernard Blancan, Aladin Reibel, Alexandre Vidal, Daisy Broom, Berta Esquirol, Gérard Lartigau, Geneviève Casile e Philippe Laudenbach
Cotação: 1 Star

Resenha Crítica | O Fim da Escuridão (2010)

O Fim da Escuridão | Edge of DarknessPara o que registraria o grande retorno de Mel Gibson como ator (excetuando suas breves aparições em “Crimes de Um Detetive” e “Paparazzi”, o último filme protagonizado por ele foi “Sinais”, de M. Night Shyamalan), “O Fim da Escuridão” acabou representando uma grande decepção. Não foram muitos que se interessaram por esta sua investida como intérprete, que somando sua bilheteria mundial cobre um pouco o custo de produção de sessenta milhões de dólares. Ainda assim, considerando os títulos fracos que compõem o gênero atualmente, “O Fim da Escuridão” em poucos momentos é ruim.

Mel Gibson vive o detetive Thomas. Ao rever sua filha Emma (papel de Bojana Novakovic, jovem atriz que fez a neta da pavorosa senhora Ganush em “Arraste-me Para o Inferno” e que vale a pena ficar de olho), Thomas decide levá-la para a sua residência em uma noite chuvosa. Após uns minutos, Emma é brutalmente baleada. Não resistindo, Thomas inicia no dia seguinte investigações por conta própria, pois imagina que é ele quem deveria ter sido vítima neste ato que julga como vingança. No entanto, o aparecimento do estranho Darius Jedburgh (Ray Winstone, em um papel anteriormente oferecido para Robert De Niro) o leva para a empresa onde Emma estagiava administrada por Jack Bennett (Danny Huston) e que talvez produza armas nucleares.

O filme com suas duas horas de duração faz com que o espectador acompanhe com interesse crescente os rumos tomados por Thomas, cada vez mais perigosos. Como bom thriller de ação, não faltam cenas que causam grande impacto, a exemplo de uma que envolve um atropelamento que pegarão todos de surpresa. Satisfatório e na média, “O Fim da Escuridão”, que foi baseado em um premiado seriado britânico de 1985,  só peca pelo excesso de carga dramática, pois a todo o instante nos martela com flashbacks chorosos entre Thomas e Emma. Está claro que estamos diante de uma história de um pai que faz justiça com as próprias mãos com a morte de sua filha. Só não precisava quebrar tanto o ritmo do mistério.

Título Original: Edge of Darkness
Ano de Produção: 2010
Direção: Martin Campbell
Elenco: Mel Gibson, Ray Winstone, Danny Huston, Bojana Novakovic, Shawn Roberts, David Aaron Baker, Jay O. Sanders, Denis O’Hare, Damian Young e Caterina Scorsone
Cotação: 3 Stars

Uma Mãe em Apuros

Uma Mãe em Apuros | MotherhoodO público parece ter ignorado totalmente o filme “Uma Mãe em Apuros”, notório pelo seu enorme fracasso em passagem pela Inglaterra – em cartaz em somente uma sala, o filme acumulou em três dias a presença de doze espectadores. Uma pena, pois este filme traz a quarentona Uma Thurman em seu melhor desempenho desde o já distante “Kill Bill Vol. II”, de 2004.

Independente (foi filmado com cinco milhões de dólares), “Uma Mãe em Apuros” acompanha uma sexta-feira de Eliza Welch. Esposa de Avery (Anthony Edwards) e mãe de Clara (Daisy Tahan) e Lucas (papel revezado pelos gêmeos David e Matthew Schallipp), ela segue uma lista diária de responsabilidades, entre elas ser a primeira a acordar, limpar todo o modesto apartamento onde mora em Manhattan, preparar o café da manhã, levar as crianças para a escola, fazer compras, pagar as contas… Mas resta um tempinho para o lazer, mesmo que bem curto. Aspirante a escritora, mantém ativo um blog onde descreve essas árduas experiências do cotidiano. Neste instante é onde vê na rede um anúncio que premiará aquela que melhor descrever o que é ser mãe. Tudo bem, se não fossem os preparos que ela organizará para o aniversário de seis anos de sua filha Clara.

A diretora e roteirista Katherine Dieckmann, responsável pelos inéditos no Brasil “Diggers” e “A Good Baby” além de alguns clipes de bandas como “R.E.M.”, sabe como tornar crível o pequeno retrato que molda de Eliza. É um daqueles raros filmes que consegue o feito de tornar sua história e seus personagens mais próximos do público, colocando em xeque abordagens relacionadas à responsabilidade familiar e sonhos que se perderam no passado com isto. A ponta relâmpago e esperta de Jodie Foster também ressalta que as mulheres que desempenham os papéis de mãe levam uma vida nada fácil. Portanto, mesmo com a presença cômica de Minnie Driver e certa leveza da condução de Dieckmann, “Uma Mãe em Apuros” está mais para um drama.

Título Original: Motherhood
Ano de Produção: 2009
Direção: Katherine Dieckmann
Elenco: Uma Thurman, Anthony Edwards, Minnie Driver, Daisy Tahan, David Schallipp, Matthew Schallipp, Alice Drummond e Jodie Foster
Cotação: 3 Stars

Resenha Crítica | Confissões de Uma Garota de Programa (2009)

Confissões de Uma Garota de Programa | The Girlfriend ExperienceSomente no ano de 2009 o diretor Steven Soderbergh teve nada menos do que quatro filmes exibidos no circuito de cinema no Brasil: “Che Parte I: O Argentino”, “Confissões de Uma Garota de Programa”, “Che Parte II: A Guerrilha” e “O Desinformante!”. O que seria testemunho de versatilidade ou mesmo amor na arte de se fazer cinema nada mais é do que exemplos de um diretor que talvez seja o mais presunçoso em atividade, como se faz notar em “Confissões de Uma Garota de Programa”.

As intenções, aparentemente, eram boas. Há uma tática similar ao do seu trabalho “Bubble”, produção independente de 2005. Com um orçamento que não se aproxima de dois milhões de dólares, “Confissões de Uma Garota de Programa” chamou a atenção com a escalação da jovem atriz pornô Sasha Grey. Tendo se introduzido nesta indústria de cinema apenas com dezoito anos, Grey é a melhor coisa do filme, por incrível que possa parecer.

Tendo um relacionamento com Chris (Chris Santos), a personagem de Grey, a garota de programa Chelsea, passa a cobrar de seus clientes workaholics um valor alto a cada encontro. A inexpressividade imutável da atriz dentro desta situação representa vítimas insípidas dos dois lados da moeda: Chelsea claramente está se sustentando de uma maneira que não deseja enquanto seus clientes sequer possuem alguma vida amorosa tamanha as preocupações que se impôs no surgimento da crise econômica, pagando por sexo para se esquivarem desta realidade. Neste aspecto, há ao menos uma cena interessante, onde Chelsea compra dois aparelhos celulares em uma loja e realiza negociações com o balconista para adquiri-los com alguma vantagem. Traços de verossimilhança representados na tela onde se acompanha sem um mínimo de interesse por culpa de Sodenbergh, com seus planos longos, monótonos e distantes dos centros das discussões.

Título Original: The Girlfriend Experience
Ano de Produção: 2009
Direção: Steven Soderbergh
Elenco: Sasha Grey, Chris Santos, Philip Eytan, T. Colby Trane, Peter Zizzo, Vincent Dellacera, David Levien, Alan Milstein, Sukhdev Singh e Caitlin Lyon
Cotação: 1 Star

Resenha Crítica | Bons Costumes (2008)

Bons Costumes | Easy VirtueNem muitos deram falta do diretor Stephan Elliott. Até hoje cultuado por “Priscila – A Rainha do Deserto”, o realizador australiano conduziu posteriormente pouquíssimos títulos nada memoráveis. A pausa de quase dez anos (seu último filme foi o thriller “Sedução Fatal”, com Ewan McGregor e Ashley Judd) é interrompida com “Bons Costumes”. O retorno não poderia ter sido mais triunfal, pois sua comédia de época, lançada somente no início de 2010 no circuito paulistano, já é um dos melhores filmes do ano.

A história é uma adaptação do romance de Noel Coward e já havia ganhado vida no cinema em 1928 com o título “Vida Fácil”, talvez o pior filme da fase britânica de Alfred Hitchcock. Ela desenvolve a relação conflituosa da namorada de John Whittaker (Ben Barnes, de “As Crônicas de Nárnia: Príncipe Caspian”), uma americana, com a sua família inglesa. Chamada Larita Huntington (Jessica Biel), ela se casou rapidamente com John na França e desperta a ira da conservadora Mrs. Whittaker (papel de Kristin Scott Thomas), mãe de John, que está determinada em encontrar algo obscuro no passado dela. Não demorará para os personagens desvendarem um divórcio escandaloso envolvendo o nome de Larita, uma ex-corredora automobilística.

“Bons Costumes” rende risadas a partir do momento onde explora a velha guerra de diferenças entre americanos e britânicos, bem como nas encrencas que Larita se mete ao tentar agradar a família de John – vale observar que neste instante uma estranha sintonia acontece entre Larita e o modesto patriarca Mr. Whittaker (Colin Firth, em excelente desempenho).

Porém, mais do que uma comédia, “Bons Costumes” também cruza caminhos mais dramáticos e com isto se torna ainda mais irresistível por expor tão bem o desejo de amor avassalador de sua personagem, uma figura feminina bem à frente de seu tempo. Assim, é preciso ser justo e vincular grande parte dos méritos de “Bons Costumes” à interpretação maravilhosa de Jessica Biel. Tendo morado na Inglaterra para agarrar o papel e ainda cantado, a atriz foi ovacionada pelo público assim que o filme foi exibido em Roma. Um trabalho que merecia maior reconhecimento de uma jovem intérprete que tem todos os predicados para ser uma grande musa.

Título Original: Easy Virtue
Ano de Produção: 2008
Direção: Stephan Elliott
Elenco: Jessica Biel, Ben Barnes, Kristin Scott Thomas, Colin Firth, Kimberley Nixon, Katherine Parkinson, Kris Marshall, Christian Brassington e Charlotte Riley
Cotação: 4 Stars

Vírus

Vírus | Carriers“Vírus” não foi o primeiro e nem será o último filme a se desdobrar em um presente ou um futuro próximo onde o apocalipse é materializado por uma infecção que dizimará todos os humanos que a Terra habitam. Assim como não é novidade a indústria americana se aproveitar de talentos estrangeiros. No caso de “Vírus”, são os jovens irmãos espanhóis Pastor a dirigirem um elenco famoso em solo americano. A diferença deste horror é o fato dele ser um dos mais desoladores em relação aos demais.

Com uma narrativa econômica, não estando claro a princípio o que está acontecendo e tendo apenas dois casais como protagonistas – sendo os dois homens irmãos interpretados por Lou Taylor Pucci e o sempre péssimo Chris Pine, “Vírus” dá uma sensação de que jamais mostra a que veio. A impressão continua ao término da história, driblada por uma relação de personagens muito convincente e por situações-chave bem devastadoras, como a última cena dos namorados feitos por Pine e Piper Perabo.

Título Original: Carriers
Ano de Produção: 2009
Direção: Àlex Pastor e David Pastor
Elenco: Lou Taylor Pucci, Chris Pine, Piper Perabo, Emily VanCamp, Christopher Meloni, Kiernan Shipka, Ron McClary e Mark Moses
Cotação: 3 Stars