Resenha Crítica | Ida (2013)

Ida

Ida, de Pawel Pawlikowski

.:: INDIE 2014 Festival Cinema ::.

Os efeitos do Holocausto foram tão arrasadores que até hoje algumas gerações são atingidas, especialmente aqueles que tiveram as suas famílias dizimadas neste que é um dos episódios mais nebulosos da história da humanidade. Trata-se de um tema inegavelmente poderoso. No entanto, o cinema o explora de modo tão recorrente que é difícil ser arrebatado por uma história que contenha algum viés inédito. “Ida” não escapa dessa armadilha.

Representante da Polônia na última edição do Oscar e com dezenas de prêmios obtidos mundo afora, “Ida” até promete alguma novidade. Vivida pela estreante Agata Trzebuchowska, a protagonista é uma jovem freira chamada Anna que é surpreendida por uma pessoa que a afastará do convento que habita: Wanda (Agata Kulesza), uma tia cuja existência desconhecia e que imediatamente lhe revela seu nome verdadeiro, Ida, e a sua origem judia. Totalmente opostas, ambas estabelecerão um equilíbrio no relacionamento para concretizarem um desejo em comum: desvendar onde está o túmulo dos pais e irmão de Ida, assassinados durante a ocupação nazista na Polônia.

A princípio fazendo humor com os comportamentos de uma Ida vulnerável diante de uma tia cética, o drama vai se atenuando quando as personagens estão diante do ponto final da busca que traçaram. É poderoso o momento em que Ida e Wanda recebem respostas desagradáveis, mas o cineasta e roteirista Pawel Pawlikowski (cujo último filme foi o péssimo “Estranha Obsessão”) não apresenta garra ao lidar com os demais desdobramentos do material, restando aos diretores de fotografia Lukasz Zal e Ryszard Lenczewski corresponderem às expectativas com uma estética que privilegia os tons cinzas do período narrado e enquadramentos sem muito apego aos elementos cenográficos.

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